Radioactive
primeiro capítulo
Lindsay's POV
Sempre imaginamos que para ser feliz você precisa ter dinheiro, um bom carro, uma boa casa e boas condições. Mas é muito mais do que isso, ser feliz sozinho ninguém consegue. Eu sou exemplo disso.
Estou de castigo por 2 meses, porque? Ah, é! Eu saí de casa sem permissão, cheguei bêbada e falando merdas. Ainda bem que eles não sabem do resto, já fumei, já escondi droga, fiz tanta coisa que deveria ser expulsa do mundo. Mas eles não vão me parar ...
Eu não aguento mais, minha família é um porre, todo dia eles arranjam um jeito de implicar comigo, principalmente meu pai que quer que eu seja a filha perfeita. Não sei se quero continuar aqui, vivendo no completo inferno. Já tomei uma decisão, vou ir embora daqui e viver minha vida a minha maneira. Corro para o meu quarto e tranco a porta como sempre faço, liguei o skype e cliquei logo no nome da minha salvação "Kiara".
— Oi Ki ... — Falei desaminada.
— O que foi? Brigou com seus pais de novo? — Ela disse me olhando com aquela cara.
— Sim, e dessa vez eu não consigo mais. Tem espaço pra mim na sua casa?
— Como assim, Lindsay?
— Eu to saindo de casa, chego ai na sexta-feira de manhã.
— E como você vai fugir sem ninguém ver?
— Eu tenho o meu curso de inglês na quinta, vou fazer minhas malas e deixar escondias, chamo um taxi e vou pro aeroporto. Tudo vai dar certo.
— Tem certeza? Quer dizer, isso é ótimo, mas não está tomando conclusões precipitadas?
— Não, é isso que eu quero fazer! Agora eu tenho que ir minha linda, amanhã nos falamos. Te amo muito.
— Te amo mais. — E desliguei.
[...]
A luz do sol invadiu o quarto e eu me enfiei de baixo de edredom de novo, o que não adiantou muito já que senti ser puxado e em seguida vi minha mãe de pé.
— Levanta, você tem escola, Lindsay. — E saiu. Fiz minhas necessidades e higiene pessoal e logo voltei para o quarto, vesti o uniforme ridículo da minha escola e penteei meu cabelo. Passei um lápis no olho, rímel, um pó na cara e pronto. Comi um sanduíche normal e um café para acordar, peguei minha bolsa e as chaves do carro, dei oi para o porteiro Paul e entrei no meu Fox 2013. Durante o percurso ouvia a música calma ao fundo, mas não prestei muita atenção. Estacionei o carro e fui até os armários, peguei meus livros de Biologia e Inglês.
Logo as vadias começaram a rir igual hienas, olhei para o chão e no segundo em que pisquei os olhos, senti as lágrimas caírem involuntariamente. Quando me dei por conta, senti duas mãos nas minhas costas e estava caída no chão com os livros espalhados e todos rindo de mim. Nessas horas, o cara perfeito deveria aparecer e me ajudar, como nos filmes, mas isso é vida real.
Corri para o banheiro e me olhei no espelho, os olhos manchados pelas lágrimas, eu já não posso mais segurar. Preciso tirar tudo isso de dentro de mim. Levantei a tampa do vaso sanitário e botei tudo para fora. Fazia muito tempo que isso não acontecia, quebrei a promessa que fiz a mim mesma à um ano atrás. Limpei minha boca e saí indo para a sala de Biologia, mesmo faltando 20 minutos para a aula começar.
Coloquei meus fones de ouvido e ouvia música alta até o professor chegar.
[...]
Cheguei na cantina e entrei na fila, peguei pouca coisa, depois do que eu fiz meu estômago não aguenta comida. Antes que alguém implicasse comigo, sentei na mesa do canto e comi silenciosamente. Ás vezes, olhava rapidamente para a mesa do centro, a mesa dos populares. Assistia a como cada um ria e se gabava por ter o celular do momento, a roupa da moda e tudo que querem. Argh, como isso me dá raiva! Eu tenho vontade de socar a cara de cada um, nenhum deles com cultura. Nunca leem um livro na vida, tiram notas baixas e mesmo assim são aprovados por causa do seu dinheiro. Deus, eu preciso ir embora daqui! Muitas pessoas almejam ser populares, ricas, mas eu sinceramente, nunca iria querer.
— Hey, olha só quem não para de olhar para nós?! — falou a loira peituda — Tira uma foto que dura mais, babe.
— É mesmo, aproveita e passa na Sex Shop pra comprar um vibrador pra você, lésbicazinha idiota. — falou a morena burra.
Meu sangue ferveu, senti minhas bochechas ficarem quentes e fechei meus punhos. Contei até 10 mentalmente e relaxei, lembrando que não devo ligar para isso, afinal, minha vida muda hoje. Larguei meu prato em cima do balcão e peguei meus livros, fui para a sala de aula.
[...]
Como de costume, não tinha ninguém em casa, o que é bom, assim aproveito para arrumar minhas coisas. Peguei duas malas e comecei a colocar todas as minhas peças de roupa, na outra, coloquei calçados e extras. Ainda arrumei duas mudas para amanhã e em uma mochila coloquei computador, produtos de higiene e etc. Estava pronta para mudar minha vida.
Peguei meu notebook e abri o skype na mesma hora, como sempre, a única que me aguenta me chamou. É incrível, é como se fossemos irmãs, nos conhecemos a o quê? 2 anos? Mas parece que lhe conheço desde criança. Ela é minha confidente, minha melhor amiga!
— Oi *-* — Digitei com um sorriso no rosto.
— Ué, tá tão diferente de ontem, ansiosa?
— Vei, eu quero logo dormir pra chegar amanhã, infelizmente ainda tenho que ir na aula de manhã, mas pelo menos me livro do "curso de inglês onde todos me acham esquisita".
— Pois é, eu sinceramente não sei o que essas pessoas tem de errado. Se você morasse aqui todo mundo ia te adorar. Se não adorassem eu ia fazer eles adorarem u_u
— KKKKK, você é louca. Mas e então? Você vai querer me esperar no aeroporto ou algo assim?
— Argh, sério que você vai me fazer acordar cedo pra buscar você?
— Ta bom, então não vai, eu fico lá alone, perdida ...
— Caralho, tá bom bitch, eu vou, já que você quer que eu acorde cedo, vou dormir logo, porque ao contrário dai, já é bem tarde.
— Ok, te amo sua nega da laje kkkk
— Te amo mais <3
Vou te contar um pouco mais sobre a minha amiga retardada, bom, ela tem 17 anos (infelizmente ela é mais velha que eu, mesmo sendo uma anã) e mora nos Estados Unidos, é isso mesmo, ela está no 2º ano do Ensino Médio (a lerda reprovou uma vez ¬¬) e já tem um trabalho. Como eu, ela não tem ideia do que vai fazer da vida, por enquanto ela só é atendente de uma pizzaria no subúrbio de New York City.
Me joguei em cima da minha cama totalmente engomada — minha mãe fazia tanta questão disso que até assustava — e bufei estressada. Puxei a gaveta do meu criado mudo e peguei um dos calmantes que costumava tomar sempre em situações de completo stress. Senti o remédio descer pela minha garganta a seco e no mesmo instante senti uma tranquilidade apossar meu corpo.
Peguei meu celular e: nenhuma mensagem. Deus pai, porque? Me mande um milagre, ou melhor, um sms.
[...]
Acordei com um sorriso no rosto, fiz a minha rotina de sempre e fui para o inferno chamado escola. O tempo passou tão devagar que eu dormi praticamente em todas as aulas, fui para casa e comecei a me preparar para viajar, tomei um banho, vesti uma roupa (clique) mais confortável e peguei tudo que precisava, chamei um táxi e pedi para me levar ao aeroporto. Dai você se pergunta "Mas como você vai pagar tudo isso?", eu tenho uma conta no banco, meio que, escondida, meus tios depositam 100 reais por mês para a minha faculdade, e bem, eu tenho essa conta à uns 5 anos ...
Quando cheguei lá, fiz o check-in e fui esperar o voo que saía as 3 horas da tarde. Realmente, não sei o que vai acontecer a partir de agora ...
Antes de chegar finalmente nos Estados Unidos, ainda tivemos que parar no Texas para trocar de avião, mesmo assim, dormi a viagem inteira que não demoraria quase nada. E por incrível que pareça, não fiz nada que eu possa ser presa, estava limpa.
Acordei com o barulho irritante dos sapatos altos batendo no chão, olhei para o lado e estávamos em terra, sorri brevemente e me levantei junto da minha bolsa nos ombros e fui tentar abrir o bagageiro onde minha mala menor se encontrava, só tentei, já que na 5ª vez que puxei caí para trás.
Abri os olhos e vejo que não estou no chão, e sim em um belo par de braços muito bem feitos, paralisei por um segundo, mas logo me levantei pedindo desculpas desesperadamente.
— Ai meu Deus, eu sou uma tonta mesmo! Desculpe senhor, mesmo, e-eu ...
— Hey, calma! Não tem problema, só vamos sair do meio do avião, as pessoas estão reclamando. — esse cara em interrompeu? Ai que voz mais sexy essa ...
— Tu-tudo bem. — Sentei na minha poltrona novamente e ele ficou em pé ao meu lado esperando todos passarem, logo depois, ele abriu com tanta facilidade aquele troço que me impressionei. Desceu minha mala e me entregou em mãos. — Muito obrigada! — sorri e ele deu de ombros.
— Até mais ... — assim ele saiu e eu fiquei boiando, mas logo acordei e saí do avião. Andava pelo imenso e lotado saguão, de repente olho de relance para um cartaz enorme, dizendo "WELCOME LINDSAY", sorri de orelha a orelha e saí correndo em direção a ele. Quando me aproximei pude ver a minha vaca e a mãe dela, a mesma largou o cartaz e veio de encontro a mim, nos abraçamos fortemente, sentia as lágrimas caírem e fechei os olhos sentindo o abraço que esperei receber durante 2 anos.
— Isso parece ser um sonho! — disse ela me soltando e me observando. — É realmente outra coisa ver você aqui, perto de mim.
— Esperei muito por esse momento e finalmente aconteceu! Ai meu pai... — respirei fundo e sorri. Assim que dei oi para a mãe dela, a mesma me levou pra sua casa que não era tão longe do aeroporto. A casa era enorme, a decoração simples e bonita ao mesmo tempo, logo em seguida ela me levou ao meu quarto e ele é incrível. Tem uma cama de casal no meio, quadros legais na parede, um carpete lindo, escrivaninha e tudo que eu sempre sonhei no meu quarto. Ela me deixou sozinha e resolvi tomar um banho, foi como se toda a negatividade saísse do meu corpo. Vesti uma roupa bem normal, mas como estava frio, coloquei um casaco quente. Saí do quarto já resolvendo que não iria desfazer as malas hoje, encontrei uma mesa cheia de guloseimas americanas e aquele cheirinho de café fresco na cozinha.
— Então, o que achou do nosso café da manhã? — haviam doces, roscas, pães, torradas e tudo mais. Meu estômago roncou em satisfação.
— Não pera, vocês fizeram isso pra mim? Obrigada, mesmo! — lancei um sorriso para Kiara e a mesma me convidou a sentar
[...]
Essa foi a melhor e mais incrível noite de sono que eu já tive em toda a minha vida! Me sentei na cama e me espreguicei, encolhi os ombros sorrindo, vendo que tudo aquilo não era um sonho. Levantei e corri para o banheiro, lavei o rosto e fiz minhas higienes pessoais. Fui até as minhas malas que estavam no chão -não, eu ainda não as desfiz- -, peguei uma muda de roupa que gostei bastante e me vesti. Foi como se a roupa caísse perfeitamente em meu corpo, me olhei no espelho e sorri. Coloquei os sapatos e saí do quarto, chegando na cozinha e encontrando a mãe da Kiara fazendo o café da manhã.
— Bom dia! Quer um café? A Kiara foi buscar pão de queijo, achamos uma confeitaria de uma moça brasileira, acredita?! — ela sorriu e serviu um pouco de café para mim. Dei um gole e senti meu corpo relaxar com o líquido quente descendo pela minha garganta. — Hoje você vai fazer a matrícula na escola, se quiser pode começar hoje mesmo.
— Acho ótimo, quanto antes eu começar minha nova vida social, melhor. Emfim, a senhora se importaria se eu começasse a trabalhar? Assim, eu queria ter meu dinheiro, para não precisar ficar pedindo ...
— Querida, você pode sim. Mas você vai trabalhar junto de Kiara, na pizzaria, estão precisando de umja garçonete lá! Tudo bem para você?
— Claro, e pelo o que ela me fala o salário é ótimo. Obrigada, senhora (escreve aqui o sobrenome fia)!
— Senhora não existe, me chame de (bota aqui o nome)! Não tem de quê. — no mesmo momento Kiara entrou pela porta com uma sacola de papel, cheirando à pão de queijo. Ela se sentou e abriu o pacote, que ao mesmo tempo soltou um cheiro delicioso, salivei.
— Uau, eu tive que me controlar para não comer todos eles no caminho. — ela riu e colocou um na boca, fechando os olhos. — E você Lin, não vai comer? — pensei no que havia ocorrido na escola.
— Eu não estou com muita fome, vou comer apenas um hoje. — peguei um com a ajuda de um guardanapo e comi em seguida. Depois de terminarmos, pegamos nossas mochilas e fomos em direção à escola que ficava perto.
Quando cheguei lá, olhares seguirem-me até a entrada e sorri mentalmente. Kiara me disse que havia vagas, então não precisaria fazer toda a burocracia de sempre, negociar e etc. Eu só dei minha identidade, certidão de nascimento e entre outros documentos para fazer a ficha. A Sra. Springs disse que eu poderia iniciar a aula hoje, me deu os meus horários e me mostrou o meu armário. Parecia que estava sonhando. A primeira aula, era de Inglês. Não seria junto de Kiara, mas isso até é bom para me enturmar.
Andei até meu armário e coloquei a senha, abrindo-o logo em seguida, coloquei meus livros e cadernos dentro dele e peguei só o que precisava. Quanto fechei o armário vi um menino bonito, alto, de cabelos negros e de físico ótimo. Quando ele percebeu já era tarde demais, não consegui disfarçar.
— Hey, então você é a famosa aluna nova. Eu sou Zain, você é ...?
— E-eu sou Lindsay — eu e minha horrível mania de gaguejar. —, mas não sei se sou tão famosa assim.
— Todos estão falando de você. E estão todos certos, você é realmente linda. — senti minhas bochechas queimarem, coloquei uma mecha do cabelo atrás da orelha e sorri.
— Obrigada. Você também não é nada mal! — ri tentando amenizar o clima tenso, o que não adiantou muito. — Então, qual sua primeira aula?
— Inglês, infelizmente. A professora me odeia. — ele suspirou e deu um breve sorriso.
— Sério? Eu também! Pensei que ia encarar essas aulas sozinha, minha amiga me deixou sozinha hoje ... Ahn, você conhece ela? Ela se chama Kiara ...
— Ela? Bom, eu realmente nunca falei com ela, mas ela parece ser uma boa pessoa. — uma ideia surgiu, eu poderia ... deixa quieto.
— Qualquer dia eu apresento vocês do-... — Fui interrompida pelo sinal que tocou, Zain me olhou e nós fomos andando conversando pelo corredor, até a sala. Sentei perto dele e a professora entrou cumprimentando a todos, ela começou a falar e eu me distraí, até ouvir ela falar "apresente-se, aluna nova". Relutante, levantei e fui até ela.
— Eu sou Lindsay, eu vim do Brasil e vim para cá, sem nenhum momento especial, mas eu espero que esse tempo seja bom. — eu não iria contar para a escola inteira que fugi de casa e agora vivo de favor na casa da minha amiga Kiara. Acenei com a cabeça para a professora e me sentei, ela começou a passar a matéria e assim foi seguindo a aula.
[...]
É, o dia não foi tão ruim, apesar de que em todas as aulas tive que me apresentar. Eu conheci algumas pessoas, almocei com Zain e incrivelmente viramos amigos. Descobri várias coisas dele, ele tem 17 anos, mora sozinho, gosta que seu nome seja escrito com "y". Ele disse que adora cantar, mas em dança é uma negação. Ele é uma pessoa legal.
Quando voltei para casa, tomei um banho e coloquei um moletom e me deitei na cama, mexendo no meu celular. Kiara me disse que iria na pizzaria ver se consegue a vaga para mim. Meus olhos começaram a pesar e eu caí no sono.
Assim que eu acordei, fiz toda a rotina que sempre faço e troquei de roupa. Hoje é sábado e não tem absolutamente nada para mim fazer, a não ser começar a trabalhar. Kiara disse que sábado é um dos dias em que todo mundo vai à pizzaria, e o preço é mais caro. Se eu me sair bem hoje, eu ganho uma comissão. Isso é ótimo.
Mais tarde Ki me convidou para sair com ela e os amigos dela, já que eu só iria trabalhar na pizzaria mais tarde. Coloquei uma roupa mais apresentável, para tentar causar boa impressão. Eu estava um pouco nervosa. Vamos ver o que vai ser deste passeio.
Continua...
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