1 de abr. de 2022

Radioactive - Quinto Capítulo

Radioactive

quinto capítulo

Lindsay's POV

Já tinha amanhecido, eu não dormi quase nada, no máximo um cochilo nos ombros de Zain que me apoiou a todo momento. Eram quase 10 horas da manhã, quando senti meu estômago roncar. Eu esqueci de comer.
— Acho que você precisa comer, e dormir também. Quem sabe você não vai para casa, Lin?  Zain falou segurando minhas mãos.
— Não, eu como alguma coisa na lanchonete e ... eu tenho muito tempo para dormir.  Eu me levantei indo até a recepção, perguntando onde era a lanchonete do hospital. Ela me mostrou e eu fui até lá, fiz meu pedido e fiquei esperando. A garçonete logo me entregou, comi tranquilamente e voltei para a sala de espera um pouco mais calma. 

Quando cheguei lá, vi John e Zack chorando, franzi o cenho e fui até Zain perguntar o que estava acontecendo.
— Porque eles estão chorando, Zain?  falei segurando sua mão.

— Lin, eu realmente não sei como te falar isso, mas vai ser preciso.  ele respirou fundo e desviou o olhar.  A Kiara, ela ... ela morreu. 

Eu simplesmente caí de joelhos no chão, chorando. Isso não pode ter acontecendo, a minha amiga não pode estar morta! NÃO! Ela salvou a minha vida, ela fez com que eu fosse feliz. Mas parece que teve que dar a sua vida para eu ser feliz. Eu quero minha amiga de volta, apenas isso. 

Faria tudo para tê-la de volta, mas isso infelizmente é impossível. Pessoas vem e vão, mas eu não gostaria que ela fosse uma dessas pessoas. Nossa amizade, durou tanto tempo. Talvez o motivo de nós não nos conhecermos antes, tenha sido este. O nosso destino estava marcado. 

O mais triste disso tudo, é que, eu nem ao menos me despedi dela. Depois que ela saiu do meu quarto, eu não a vi mais. Saí sem lhe dar tchau. Se ao menos eu tivesse dado um abraço nela ... Fiquei um bom tempo ali, enquanto Zain me abraçava e fazia carinho em meus cabelos. Eu me levantei, e pedi à ele que me levasse para casa, não suportaria mais ficar ali

[...]


Quando cheguei em casa, eu fui direto para o meu quarto. Joguei minha bolsa e qualquer lugar e sentei na minha cama, descarregando tudo aquilo que segurava. Eu solucei alto, sem conformação.


Eu estou cansada disso, as pessoas que eu amo e prezo vão embora. De novo, minha vida ficou uma merda. Eu estou sem minha melhor amiga, que na verdade era praticamente uma irmã para mim. Limpei minhas lágrimas e me levantei, tirando minhas roupas e indo até o banheiro. Eu comecei a observar meu corpo.

Eu não tinha curvas, haviam gordurinhas indesejadas, pintas e manchas ... algumas cicatrizes também. Me olhei por alguns minutos, mas logo fui para debaixo do chuveiro, deixando a água quente cair sobre minhas costas. Na hora, parecia que todos os meus problemas foram pelo ralo ... fechei os olhos e relaxei.

Eu já começo a sentir falta das nossas conversas, nossas chamadas no skype, as tantas vezes em que rimos até doer a barriga. As nossa pequenas brigas, os conselhos, tudo já começa a ser passado e a dor se acumula no meu peito.

Já começo a pensar se a valorizei o bastante. Eu nunca quis perdê-la. Eu sempre pedi para Deus, que nossa amizade durasse até o fim das nossas vidas. Mas uma dessas vidas acabou. 

Eu preciso que alguém me conforte. Sempre era ela que fazia isso, lembro dos momentos em que eu chorava na sua frente e desejava tanto que ela pudesse me abraçar. Eu só preciso da minha melhor amiga de volta, eu preciso, preciso ...

3 dias depois ...

Minha vida não melhorou, e eu continuo pior. Eu não consigo comer direito, não saio do meu quarto, não vou à escola, eu só fico dentro do meu quarto, olhando para as paredes. Verônica (mãe da Kiara) mal fala comigo também. Acredito que para ela seja pior. 

Zain me ligou várias vezes, mas não retornei nenhuma. É, eu estou realmente triste. Ouvi a porta se abrir, mas continuei deitada. Senti um peso na minha cama e vi Verônica sentada na ponta da cama.

— Eu acho que você precisa sair desta cama, precisa viver.  ela falou passando as mãos em meus cabelos.  Eu sei o quanto é difícil, para mim também está sendo. Mas nos temos que respirar fundo, levantar da nossa cama e enfrentar esse mundo. Você tem a vida inteira pela frente, que tal aproveitá-la?  eu sorri de canto e a abracei. Levantei e fui até o banheiro, fiz minhas higienes e voltei para o quarto e ela não estava mais lá. Me vesti e desci para a cozinha. No mesmo instante me lembrei do primeiro dia em que eu vim aqui, comemos coisas deliciosas, rimos ... Sentei-me e esperei Verônica servir o café.
— Eu vou sentir falta de tomar café da manhã com ela. Era sempre divertido.  falei terminando e me levantando.  Fique bem, Verônica.  sorri confortante e saí, andei até a escola e entrei. Na mesma hora, todos me olharam, como se fosse o meu primeiro dia de aula. O olhar não era curioso, era de pena. Segui meu caminho até o meu armário, abri e coloquei meus livros dentro, pegando outro caderno.

Fora isso tudo, o dia seria como mais um. A não ser pelo fato de que, eu me sinto como se estivesse no Brasil, onde as pessoas ainda me rejeitam. 

Depois da aula, eu teria que ir até a biblioteca pegar alguns livros sobre a Revolução Industrial. Assim que entrei lá, dei oi para a bibliotecária e segui meu caminho, achei dois livros ótimos e os peguei. Devolvi o outro que havia pego e guardei os livros na minha mochila, ao sair eu me deparo com uma figura esbelta, alta e com um olhar frio olhando-me.

Era Justin. E eu não sabia o que fazer.


Justin's POV

Lá estava ela, com os cabelos soltos, uma roupa simples e sem nenhuma expressão no rosto. Seus olhos demonstravam tristeza, e eu sabia o porque. Ela andou até a mim e pediu licença, mas eu não a deixei passar, ao invés disso a peguei pelos braços e a abraçei. Senti suas lágrimas molharem minha camiseta e a apertei mais forte contra mim. Dei um beijo no topo de sua cabeça e a afastei, dei um sorriso de boca fechada e limpei suas lágrimas.

— Não chore, venha, vamos ali fora.  a puxei para fora da biblioteca, já que a moça ficou nos encarando, como se aquilo fosse uma novela.  Hey, me desculpe pelo que eu fiz. Eu não deveria ter falado aquilo, ok? 
— Eu sei ... só que, minha vida voltou a ser uma droga de novo! As pessoas na escola me olham estranho, todos que passam por mim se esbarram, como se eu fosse invisivel. Eu estou cansada disso tudo. 
— Vai melhorar, eu prometo. Tudo sempre melhora, não é? Não desista, sua amiga se foi, mas ela sempre vai estar no seu coração, não é?  ela assentiu, fungando.  Agora, respire fundo e siga em frente. 
— Você tem razão, se eu continuar assim não vou ter mais lágrimas para chorar.  Lindsay ajeitou a postura, suspirando.  Então, eu preciso ir agora. Tenho um trabalho importante para fazer.  ela sorriu de canto e saiu andando, me deixando ali, no vácuo.

[...]

Eu estava agora, pesquisando algumas coisas no google. Fui em um site de notícias e vi a foto de Kiara ali, sorridente, anunciando: "Jovem morre em acidente de carro". Resolvi procurar seu nome em algumas redes sociais, achei seu facebook. Estava olhando tranquilamente, quando li a primeira mensagem na sua linha do tempo:

"Cuidado, Kiara Mine, você pode estar em perigo  sua melhor inimiga."

Coloquei as mãos na boca, um pouco surpreso. O perfil era anônimo, com nenhuma foto, nem ao menos um nome. Será mesmo, que Kiara morreu em um acidente de carro? Ouvi meu nome ser chamado, era Kate e ela pedia para que eu a ajudasse com alguma coisa. Revirei os olhos e fechei o notebook, desci as escadas e lá estava ela tentando trocar uma lâmpada.

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Preste atenção ao mundo à sua volta, o inimigo pode estar mais próximo do que você imagina...

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